sábado, 22 de agosto de 2009

FETICHE

Ontem terminei de ler um livro cuja sinopse foi uma das que mais me intrigou. Trata-se de um romance policial – um dos meus gêneros favoritos – envolvendo um assassino em série e uma estudante de psicologia forense, área bem próxima da qual pretendo especializar-me. Logo que o vi, ainda na livraria, pensei: “Preciso ler isso!”. Então, comprei.

Quando abri e deparei-me com a imagem da contracapa, estaquei. Uma maravilhosa loura de olhos verdes e lábios fartos fitava-me intrigantemente. Tara Moss é seu nome e confesso que fiquei embasbacado com a trajetória daquela mulher: ex-modelo, apresentadora de um programa de investigação no National Geographic, embaixadora da UNICEF e, ainda, graduada recentemente no curso da Academia Australiana de Investigação. Fazia tempo que não ficava tão deslumbrado assim. Certamente, pensava eu, aquele seria um dos melhores thrillers que leria em muito tempo.

Contudo, devo dizer que fiquei um pouco decepcionado. Tentarei elencar aqui os motivos dessa decepção em uma espécie de review, mas logo aviso que não é minha intenção soar arrogante nem nada do gênero. Só quero me aventurar por um tipo de texto novo. E, além do mais, como diria Stephen King, se você dá ouvidos aos críticos, quer dizer que eles estão sempre certos.

A estória é sobre uma modelo (loura, linda e de olhos verdes) que viaja à Austrália para encontrar-se com sua melhor amiga, Catherine Gerber. Contudo, ao chegar, descobre que esta havia sido morta. Makkedde, a protagonista, faz então a si mesma uma promessa de não voltar ao Canadá, sua terra de origem, antes de encontrar o assassino de Catherine. A partir daí, a trama vai se desenrolando e Mak acaba por se envolver com o detetive responsável pelo caso, Andrew Flynn.

O enredo é, de fato, bastante promissor. E o perfil do psicopata é bem construído: traumas infantis, comportamento estranho na adolescência, algum tipo de fetiche sexual durante o ato criminoso e os “souvenirs” roubados da vítima. Entretanto, parece faltar ao livro a capacidade de manter o leitor tenso a cada virar de páginas ou de prendê-lo no decorrer dos acontecimentos, impedindo-o de largar o livro. No romance de Tara, a narradora lhe guia de uma forma que acaba deixando tudo claro e óbvio: os suspeitos que aparecem são óbvios e nitidamente inocentes – além do fato de serem poucos. Porém, há uma grande sacada que faria a estória esquentar e adquirir um ritmo cheio de adrenalina: trata-se do momento quando o detetive Andy Flynn aparece como principal suspeito de um dos assassinatos, por ter seu sangue e impressões digitais encontrados na cena do crime. Contudo, não demora muito e a narradora já desfaz esse mistério sem ainda desfazer todo o mistério. No fim, a impressão que fica é que a Senhorita Moss pretende pegar cada leitor pela mão e guiá-lo lenta e gradualmente pela aventura, jogando todas as informações aos pedaços para tornar desnecessário qualquer esforço mental por parte dos leitores, tornando tudo, a um determinado ponto, enfadonho.

Acho também importante citar a ingenuidade de Makkeddde. Esperava-se um pouco mais de malícia de uma estudante de psicologia forense, ainda mais quando esta está ciente que corre grave perigo, por já ter recebido inúmeras ameaças do possível serial killer. Mas não, há certas coisas que ela faz – ou deixa de fazer – que simplesmente contrariam o bom senso de alguém que acredita ser a próxima vítima de um assassino serial violento. Lembra bastante algumas personagens de novela, na verdade.

No entanto, esse ainda é o primeiro livro de Tara e, isto é inegável, ela possui talento – tanto que o próprio Fetiche já é um bestseller. Creio que os próximos livros deverão ser incríveis, portanto continuarei a ler seus lançamentos.
E, no fim das contas, até mesmo Machado de Assis escreveu obras que nada tinham de excepcional antes de descobrir o gênio dentro de si.

2 comentários:

  1. Não sei porque mas essas suas infelicidades com os livros não me é estranha ;) asuahsuasa .. bjo Vic.

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  2. Hum... muito grande o texto, não li até o fim >.< Até que a parte da loira com olhos verdes e lábios carnudos estava interessante UAHSuAHSuHASuhAUS

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