Preciso escrever algo. Necessito urgentemente escrever algo. Está escuro e os únicos sons são o Chuck Berry tocando logo ao lado e algumas gotas da chuva, que já passou, escorrendo do telhado até uma espécie de superfície de alumínio. Pequenos tacs espaçados irregularmente. Poderia contá-los. Tac. Tac. Tac. Enfadonho. Tão enfadonho quanto ficar online naquela coisa chamada Windows Live Messenger. É estranho. Quanto mais tempo passo lá, mais sinto vontade de escrever algo que minha consciência julgue útil. Mas, ironicamente, mais drenada minha inspiração é. Se é que havia alguma inspiração de verdade nessa noite. Ou na noite anterior. Ou na noite anterior a anterior. É engraçado. Sadicamente engraçado, não? Afinal, todos devem concordar que sempre há, em todos os lugares, algo que resulte em uma boa história. Contudo, ainda luto (lutamos, talvez) contra o papel em branco. O cursor sumindo e reaparecendo constante e zombeteiramente.
É, já volto. As janelinhas estão piscando faz tempo demasiado e, no fim das contas, fui ensinado a não deixar as pessoas falando sozinhas. Não por muito tempo, ao menos.
(...)
Foi rápido. Ainda bebi um gole d`água no copo sobre o criado-mudo não muito longe do lugar onde estou. Talvez alguns de vocês queiram saber que horas são. Bom, acredito que faltem quinze minutos para as duas da madrugada. Consideravelmente cedo, se comparado ao horário em que eu, geralmente, vou dormir nas noites insones e tediosas em frente ao computador. Entretanto, é culpa minha também. Bastava querer fazer algo diferente, mesmo que ainda fosse na tal da Internet. De fato, às vezes o faço. Só às vezes. Tanta coisa pra fazer em tão pouco tempo.
Neste momento, “Ain`t That Just Like a Woman” começou a tocar. Não sei se é impressão minha, mas a introdução dela lembra bastante a “Down The Road Apiece”. Vai saber. Talvez eu poste isso – sim, porque aspirantes a escritor, hoje em dia, postam coisas – mais tarde. Contudo, penso, com mais urgência, que eu deveria me fazer um cappuccino. Como fiz ontem, um pouco mais cedo. Foi delicioso. Estranhamente, hoje cedo, pensar na caneca de cappuccino da madrugada anterior deixava-me nauseado. Engraçado, não? É, não é. Pelo menos não quando se pode abrir o YouTube e assistir a uns vídeos dos Barbixas. Aí sim, algo verdadeiramente engraçado. Já se faz alguns minutos desde minha última resposta. Vou voltar ao msn agora. Rapidinho, imagino.
(...)
Nada de goles d`água dessa vez. Há um tempo, pensei na possibilidade de estar adquirindo diabetes insípido. Besteira, não vale nem a pena comentar isso. Poderia estar dormindo agora. Mas não quero. Procuro atrasar ao máximo o momento de ir para a cama. É como se não me sentisse satisfeito com o que fiz no dia, como se ainda houvesse coisas a serem feitas. E, bem agora, o blues pacato do nosso amigo Chuck Berry encerrou-se. Começa um show do Cinderella. Cinderella é bom, gosto bastante. Mas não me sinto no clima. Assim, vou mudar a trilha sonora. Um segundo.
(...)
Coloquei uma coletânea do Johnny Cash. Apenas dezesseis e noventa no Posto Pratão, hehe. Engraçado que as informações as quais o Windows Media Player localizou classificavam o estilo do álbum como “Pop/Rock”. Apesar disso, o Gênero era corretamente classificado como “Country”. É, vai entender. De qualquer forma, continuarei o que dizia antes. Adio ao máximo o momento de dormir, assim como adio ao máximo o momento de “começar o dia”. Sou sempre, impreterivelmente, acordado cerca de meio-dia. Almoço e então fico livre, recolhido em minha preguiça de arrumar-me para começar a fazer os “compromissos” da tarde. Ah, as férias. É bom, sabe, poder apreciar sua (“My name is SUE! HOW DO YOU DO?”) preguiça sem culpa. Isto é, teoricamente sem culpa. No entanto, sinto-me constantemente culpado. Pior: sinto-me, como brilhantemente diria um amigo, “constantemente atrasado para a própria vida”. E, ainda segundo esse meu amigo, isso é “a pior sensação que pode haver”. E eu lhes digo que é verdade, sim senhor.
E eu acho que, se tiver um filho, vou chamá-lo de Bill ou George, QUALQUER COISA MENOS SUE! HA!HA! Confesso que, para um rapaz como eu, tão profundamente mergulhado no mar do “hard rock oitentista”, faz bem escutar algo bem diferente como Johnny Cash vez ou outra. E isso me faz pensar: o cd que está tocando é uma espécie de “Best Of”. Mas que tipo de “Best Of” do Cash não traz “Ring Of Fire” ou “Folsom Prison Blues”? Engraçado. Não é? Ah, então vai lá ver o vídeo dos Barbixas, huh. Janelinhas piscando.
(...)
Espantosamente rápido dessa vez. As horas passam, os contatos vão raleando. O grito da cama torna-se mais forte e impossível de ignorar. Pobre de minha cama. Acho que destruí suas cordas vocais, huh.
Será que é possível possuir caspa na sobrancelha? Se for, aí está um ramo muito pouco explorado pela indústria de cosméticos, não? Shampoos para a sobrancelha! Bem, eu particularmente já vi pentes para elas. Por que não shampoos, certo? Deveria considerar a hipótese de enviar uma carta com essa sugestão à L‘Oreal. Dividiríamos tudo 30/70. Não seria ganancioso com isso. Trinta por cen... AH! UM MINUTO! Bem, passou. Alguém no msn enviou um som absolutamente desagradável da tal “éguinha mijoleta”. Meu Jesus Cristo. Tudo bem. Afinal, eu precisava de algo para fazer-me parar com esse papo da sobrancelha. É.
Até esse último ponto, foram Oitocentos e Oitenta e Três palavras. Sim, eu contei. Oitocentos e Oitenta e Três palavras de pura prolixidade. Oitocentos e Oitenta e Três palavras de puro encharcamento de lagosta. É, acho que é hora de dizer adeus.
Foi bom para você?
Certamente, foi para mim. Não é nenhum texto impressionante ou edificante. Mas me fez bem. Sabe, deixou-me aliviado. Talvez devesse fazer isso com mais freqüência. Quando a tal musa da inspiração me der o bolo – e que mocinha mal educada, anda fazendo isso tanto! – vou abrir um documento e digitar a esmo aquilo que me vem à mente. Obrigado a você. E não, não vou dormir agora.
Boa noite.
PS: São duas e dezoito neste momento. E foram Mil e Onze palavras!
É, já volto. As janelinhas estão piscando faz tempo demasiado e, no fim das contas, fui ensinado a não deixar as pessoas falando sozinhas. Não por muito tempo, ao menos.
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Foi rápido. Ainda bebi um gole d`água no copo sobre o criado-mudo não muito longe do lugar onde estou. Talvez alguns de vocês queiram saber que horas são. Bom, acredito que faltem quinze minutos para as duas da madrugada. Consideravelmente cedo, se comparado ao horário em que eu, geralmente, vou dormir nas noites insones e tediosas em frente ao computador. Entretanto, é culpa minha também. Bastava querer fazer algo diferente, mesmo que ainda fosse na tal da Internet. De fato, às vezes o faço. Só às vezes. Tanta coisa pra fazer em tão pouco tempo.
Neste momento, “Ain`t That Just Like a Woman” começou a tocar. Não sei se é impressão minha, mas a introdução dela lembra bastante a “Down The Road Apiece”. Vai saber. Talvez eu poste isso – sim, porque aspirantes a escritor, hoje em dia, postam coisas – mais tarde. Contudo, penso, com mais urgência, que eu deveria me fazer um cappuccino. Como fiz ontem, um pouco mais cedo. Foi delicioso. Estranhamente, hoje cedo, pensar na caneca de cappuccino da madrugada anterior deixava-me nauseado. Engraçado, não? É, não é. Pelo menos não quando se pode abrir o YouTube e assistir a uns vídeos dos Barbixas. Aí sim, algo verdadeiramente engraçado. Já se faz alguns minutos desde minha última resposta. Vou voltar ao msn agora. Rapidinho, imagino.
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Nada de goles d`água dessa vez. Há um tempo, pensei na possibilidade de estar adquirindo diabetes insípido. Besteira, não vale nem a pena comentar isso. Poderia estar dormindo agora. Mas não quero. Procuro atrasar ao máximo o momento de ir para a cama. É como se não me sentisse satisfeito com o que fiz no dia, como se ainda houvesse coisas a serem feitas. E, bem agora, o blues pacato do nosso amigo Chuck Berry encerrou-se. Começa um show do Cinderella. Cinderella é bom, gosto bastante. Mas não me sinto no clima. Assim, vou mudar a trilha sonora. Um segundo.
(...)
Coloquei uma coletânea do Johnny Cash. Apenas dezesseis e noventa no Posto Pratão, hehe. Engraçado que as informações as quais o Windows Media Player localizou classificavam o estilo do álbum como “Pop/Rock”. Apesar disso, o Gênero era corretamente classificado como “Country”. É, vai entender. De qualquer forma, continuarei o que dizia antes. Adio ao máximo o momento de dormir, assim como adio ao máximo o momento de “começar o dia”. Sou sempre, impreterivelmente, acordado cerca de meio-dia. Almoço e então fico livre, recolhido em minha preguiça de arrumar-me para começar a fazer os “compromissos” da tarde. Ah, as férias. É bom, sabe, poder apreciar sua (“My name is SUE! HOW DO YOU DO?”) preguiça sem culpa. Isto é, teoricamente sem culpa. No entanto, sinto-me constantemente culpado. Pior: sinto-me, como brilhantemente diria um amigo, “constantemente atrasado para a própria vida”. E, ainda segundo esse meu amigo, isso é “a pior sensação que pode haver”. E eu lhes digo que é verdade, sim senhor.
E eu acho que, se tiver um filho, vou chamá-lo de Bill ou George, QUALQUER COISA MENOS SUE! HA!HA! Confesso que, para um rapaz como eu, tão profundamente mergulhado no mar do “hard rock oitentista”, faz bem escutar algo bem diferente como Johnny Cash vez ou outra. E isso me faz pensar: o cd que está tocando é uma espécie de “Best Of”. Mas que tipo de “Best Of” do Cash não traz “Ring Of Fire” ou “Folsom Prison Blues”? Engraçado. Não é? Ah, então vai lá ver o vídeo dos Barbixas, huh. Janelinhas piscando.
(...)
Espantosamente rápido dessa vez. As horas passam, os contatos vão raleando. O grito da cama torna-se mais forte e impossível de ignorar. Pobre de minha cama. Acho que destruí suas cordas vocais, huh.
Será que é possível possuir caspa na sobrancelha? Se for, aí está um ramo muito pouco explorado pela indústria de cosméticos, não? Shampoos para a sobrancelha! Bem, eu particularmente já vi pentes para elas. Por que não shampoos, certo? Deveria considerar a hipótese de enviar uma carta com essa sugestão à L‘Oreal. Dividiríamos tudo 30/70. Não seria ganancioso com isso. Trinta por cen... AH! UM MINUTO! Bem, passou. Alguém no msn enviou um som absolutamente desagradável da tal “éguinha mijoleta”. Meu Jesus Cristo. Tudo bem. Afinal, eu precisava de algo para fazer-me parar com esse papo da sobrancelha. É.
Até esse último ponto, foram Oitocentos e Oitenta e Três palavras. Sim, eu contei. Oitocentos e Oitenta e Três palavras de pura prolixidade. Oitocentos e Oitenta e Três palavras de puro encharcamento de lagosta. É, acho que é hora de dizer adeus.
Foi bom para você?
Certamente, foi para mim. Não é nenhum texto impressionante ou edificante. Mas me fez bem. Sabe, deixou-me aliviado. Talvez devesse fazer isso com mais freqüência. Quando a tal musa da inspiração me der o bolo – e que mocinha mal educada, anda fazendo isso tanto! – vou abrir um documento e digitar a esmo aquilo que me vem à mente. Obrigado a você. E não, não vou dormir agora.
Boa noite.
PS: São duas e dezoito neste momento. E foram Mil e Onze palavras!
Você está me dando medo, compre anti-depressivos, amor. '-'
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